Os animais de estimação são cada vez mais presentes nos lares brasileiros. Segundo a pesquisa Radar Pet 2020, realizada pela Comissão de Animais de Companhia (Comac) do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), 53% dos domicílios das classes A, B e C possuem cães e/ou gatos. Mas não se trata apenas de ter um bichinho para fazer companhia. Muitos brasileiros estão adotando pets e os tratando como membros da família, com direito a cuidados especiais, mimos e até nomes humanos.
A adoção de pets é uma tendência que reflete a mudança de comportamento dos brasileiros em relação aos amigos de quatro patas. De acordo com o estudo, 33% dos cães e 59% dos gatos que moram nos lares brasileiros foram adotados, o que se deve à conscientização sobre a situação dos animais abandonados e à valorização da diversidade de raças e características. A maioria dos pets adotados são SRD (sem raça definida), popularmente conhecidos como vira-latas, que representam 42% dos cachorros e 62% dos gatos.
Além de adotar, os brasileiros também estão humanizando seus pets, ou seja, atribuindo a eles características e sentimentos humanos. Isso se reflete na forma como os tutores se relacionam com seus animais, chamando-os de filhos, dando-lhes nomes próprios, celebrando seus aniversários, levando-os para passear, vestindo-os com roupas e acessórios, oferecendo-lhes alimentação de qualidade, levando-os ao veterinário regularmente e até contratando planos de saúde e seguros para eles.
Essa tendência de humanização dos pets tem sido criticada por alguns setores da sociedade, como a Igreja Católica, que vê nela um sinal de egoísmo e de negação da paternidade e da maternidade humanas. Em janeiro de 2022, o papa Francisco disse que há um "determinado egoísmo" em casais que optam por não ter filhos e, ainda, têm "cães e gatos" que "ocupam o lugar dos filhos". O pontífice afirmou que isso "diminui-nos, cancela a nossa humanidade".
No entanto, muitos brasileiros que têm pets como filhos discordam dessa visão e defendem que sua escolha é legítima e não implica em falta de amor ou de responsabilidade. Eles argumentam que ter um pet é uma forma de exercer a afetividade, a solidariedade e o respeito pela vida, além de trazer benefícios para a saúde física e mental, como redução do estresse, da ansiedade e da depressão, melhora da autoestima, da socialização e da qualidade de vida.
Outro aspecto que mostra a importância dos pets na vida dos brasileiros é o crescimento do mercado pet, que movimentou R$ 40,1 bilhões em 2020, um aumento de 13,5% em relação a 2019, segundo dados do Instituto Pet Brasil (IPB). O Brasil é o segundo maior mercado pet do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, e o terceiro maior em população de cães e gatos, com 54,2 milhões e 23,9 milhões, respectivamente.
O mercado pet oferece uma variedade de produtos e serviços para atender às necessidades e aos desejos dos tutores e dos animais, como alimentação, higiene, saúde, beleza, lazer, educação, transporte, hospedagem, entretenimento, etc. Além disso, o mercado pet é um gerador de empregos, renda e tributos, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social do país.
Diante desses dados, fica evidente que os pets são muito mais do que simples animais de estimação. Eles são parte integrante das famílias brasileiras, que os amam, cuidam e protegem como se fossem seus filhos. Essa é uma realidade que não pode ser ignorada nem julgada, mas sim compreendida e respeitada, pois revela o valor que os brasileiros dão à vida em todas as suas formas.